sábado, 12 de julho de 2014

“EFEITO HEISENBERG” E ESQUIZOFRENIA MIDIÁTICA DERRUBAM A SELEÇÃO

 Por Wilson Ferreira

 A mídia parece ter um discurso pronto para cada traumática desclassificação nas Copas, em um movimento semioticamente pendular: ora diz que falta “modernidade”, ora defende “tradição” ao futebol brasileiro. Mas dessa vez, nada explica a anomalia de um 7 X 1. Pelo menos os comentários da imprensa especializada foram unânimes: não foi placar de um jogo de futebol profissional. Quem lida com semiótica e sincromisticismo sabe que quando eventos tornam-se bizarros e anômalos deixam de ser meros acontecimentos para se converterem em sintomas. No caso dessa partida, sintoma de dois fatores extra-esportivos: o chamado “efeito Heisenberg” (a patologia de toda cobertura midiática extensiva) e a esquizofrenia de uma mídia sob o desgaste de politicamente ter que sabotar o evento e ao mesmo tempo faturar comercialmente...
...Com o circo midiático 24 horas em volta da Granja Comary, a concentração acabou se tornando um gigantesco estúdio a céu aberto com personagens que respondiam prontamente às câmeras e jornalistas: jogadores cantando o hino segurando a camisa de Neymar Jr., o apresentador global Luciano Huck interrompendo treinamento para realizar um sonho de um deficiente físico e fazer jogadores chorarem entre outros episódios.
Chegou-se ao momento paradoxal que a mídia pautou acontecimentos que ela própria criou: questionou-se um suposto desequilíbrio emocional de um time que chora antes de decisões, como se tudo isso já não fosse um “efeito Heisenberg” em que os próprios jogadores entraram de cabeça – como da mesma forma falavam de uma “Copa surpreendente” depois deles próprios terem “previsto” que o evento seria um caos.

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