Não foi apenas nos gramados que a fragilidade do futebol brasileiro ficou evidente nesta Copa do Mundo. O mundo em torno da bola mostrou-se, igualmente, guardadas honrosas exceções, cúmplice da derrota.
O jornalismo esportivo é um caso.
A crônica do futebol, que já teve talentos de um Nelson
Rodrigues, Mário Rodrigues Filho (*), Oldemário Toguinhó etc, rendeu-se nos últimos anos a uma co
bertura preguiçosa,
feita de tardes esportivas bocejantes e
noites de mesas redondas tolas,
incapazes de ir além da reiteração descritiva melhor desempenhada pelo
vídeo-tape.
Abarrotada de recursos tecnológicos, mas de uma pobreza
intelectual asfixiante, foi incapaz de oferecer
ao torcedor uma reflexão
qualificada sobre o quadro clínico de uma estrutura esportiva que
agonizava na frente do seu nariz.
Se agora se reconhece que o futebol pentacampeão precisa de uma revolução e que ela deve
incluir forte prioridade à categoria de base, a pergunta é: quando foi que esse
tema recebeu um tratamento regular e
consistente nas pautas, espaços e reportagens das longas e modorrentas jornadas
esportivas?
Mesmo do ponto de vista da estético, apesar das ’14 câmeras
exclusivas da Globo’, não há nada que se aproxime, nem remotamente, da beleza
plástica e da sofisticação reunidas pelo cine jornalismo do Canal 100, há mais
de meio século.
O que evoluiu ostensivamente foi o compadrio. Um certo jornalismo áulico entrelaçou-se a dirigentes,
jogadores e empresários de futebol. Tudo lubrificado pela subordinação do
esporte à conveniência das grades das
emissoras e das suas milionárias carteiras
de anunciantes.
Foi preciso uma Copa do Mundo para que o país descobrisse,
por exemplo, a precariedade de sua rede de estádios –que o governo assumiu
reestruturar e o fez-- assunto do qual o
jornalismo esportivo nunca cuidou seriamente.
Ao contrário do que fazia o Canal 100, cujas lentes tinham um interesse quase antropológico pelo
estádio e pelo torcedor, na Globo, por exemplo, a arquibancada só conta quando cartazes bajulam Galvão Bueno e sua trupe, num pacto
pavloviano algo constrangedor.
Infelizmente, a superioridade alemã se evidenciou nesta Copa
também aqui, na qualidade informativa .
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