Por Luis Nassif
Provavelmente nenhuma das CPIs (Comissão Parlamentar de
Inquérito) anunciadas levará a nada, por uma singela razão: todas elas entram
no coração do modelo de financiamento privado de campanha do país, o mesmo que
elegeu a maioria dos parlamentares e governadores.
Os personagens são os mesmos que fornecem para a Petrobras,
para o Metrô de São Paulo, para a Cemig de Minas, para o porto de Suape, em
Pernambuco.
A CPI de Cachoeira acabou quando bateu nas relações
Veja-Cachoeira e quando o diretor da empreiteira Delta ameaçou abrir suas
listas. Em dois segundos, a CPI virou fumaça, abortada tanto pela oposição
quanto pelo PT.
A CPI do Banestado teve o mesmo destino quando encontrou
contas externas de grupos relevantes. A dos Precatórios terminou em pizza, pois
envolvia quase todos os partidos. E só avançou parcialmente pelo desejo de
alguns integrantes em atingir adversários políticos.
Agora mesmo, se o doleiro Alberto Yousseff abrir suas contas
e soltar sua língua, não sobra um partido inteiro no país. Daqui a pouco estará
livre, leve e solto como Carlinhos Cachoeira, o bicheiro que, em parceria com
Veja, ameaçou a República e transformou uma figura apagada – o ex-senador
Demóstenes Torres – no catão mais temido do país.
Esse modelo torto criou uma cadeia improdutiva da denúncia
que visa tudo, beneficia a muitos, menos à moralidade pública. É de uma
hipocrisia acachapante e oportunista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário