Por Fernando Brito
Depois de amanhã, quando voltar da Itália, o ex-presidente
Lula já tem um compromisso.
“Dar uns cascudos” em Eduardo Campos.
Lula, como se sabe, sempre trabalhou para que não se
radicalizasse a relação entre o PT e o governador de Pernambuco.
Fazia a conta, obvia, de que na eventualidade de um segundo
turno, Campos apoiaria Dilma – mesmo com a cara feia da Marina Silva para isso
– e o Nordeste ficaria fechado para Aécio Neves, completamente.
Mas, a essa altura, até a quase infinita paciência de Lula
já se encheu, com as evidências cada vez maiores de que que essa história de
aliado-adversário entre Aécio e Eduardo é só uma historinha para a autoanistia
que alguns do PSB-Rede se concedem por se passarem para a direita.
E percebe que o pernambucano vai procurar um discurso cada
vez mais agressivo e radical para tentar assumir o papel do anti-Dilma ante os
eleitores de Aécio.
Pois foi o que fez ele com as declarações de que “não dá
mais para ter quatro anos da Dilma que o Brasil não aguenta”.
E isso o incomoda muito mais do que a simples troca de
amabilidades entre os dois, que não alavanca nenhum deles.
Esse discurso, porém, cria uma espécie de torneio particular
de desaforos em relação á Presidente a e a seu governo que antecipa o segundo
turno e suas alianças.
E aí vamos ver começar a divisão de tarefas que era
previsível e que foi consolidada na reunião da quarta-feira de cinzas: Dilma
cuida das composições de governo e da pauta propositiva e deixa a polêmica por
conta de Lula.
Ele vai começar de leve, mas o tranco será suficiente para
Campos não achar que vai preservar boas relações com Lula ultrapassando algumas
fronteiras com Dilma.
Isso, claro, se Dilma “segurar a onda” até quarta, coisa que
não é possível afirmar com certeza que ocorrerá.
Porque se tem muito mais paciência com o adversário de
sempre do que com o traidor de ontem.
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