Por Paulo Nogueira,
no blog Diário do Centro do Mundo:
Por que Zé Dirceu é tão odiado pela direita?
Ele é ainda mais odiado que Lula, o que não é pouco.
Tenho minha tese.
De Lula era esperado, mesmo, que estivesse do lado oposto ao
da direita. Operário, nordestino, nove dedos, pouca oportunidade de estudar.
Seria uma aberração Lula se alinhar ao 1%, para usar a
grande terminologia do movimento Ocupe Wall Street.
Mas Dirceu não.
Ele tinha todos os atributos para figurar no 1% que fez o
país ser o que é, um dos campeões mundiais de iniquidade, a terra das poucas
mansões e das tantas favelas.
Articulado, inteligente, dado a leituras. Bem apessoado. Na
ótica do 1%, pessoas como Zé Dirceu são catalogadas como traidoras, e devem ser
punidas exemplarmente para que outras do mesmo gênero, ou se preferirem da
mesma classe, não sigam seu exemplo.
Na França revolucionária, a aristocracia entendia que os
Marats, os Desmoullins, os Héberts pregassem a morte do velho regime, mas
jamais conseguiu compreender o que levou o Duque de Orleans a também lutar pela
liberdade, pela igualdade e pela fraternidade.
O 1% brasileiro, na história recente, soube sempre atrair
equivalentes a Dirceu. Carlos Lacerda, por exemplo, era de esquerda na
juventude.
Depois, se tornou um direitista fanático. Segundo relatos de
quem o conheceu, ele se cansou da vida dura reservada aos esquerdistas em seus
dias e foi para onde o dinheiro estava.
O 1% recompensa bem. Nos dias de hoje, se você defende os
privilégios, acaba falando na CBN, aparecendo em entrevistas na Globonews,
tendo coluna em jornais e revistas, dando palestras muito bem pagas. E, com a
carteira abastecida, ainda pode posar de ‘corajoso’ defensor da ‘imprensa
livre’.
Dirceu não fez a trajetória de Lacerda. Não abjurou suas
crenças.
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