segunda-feira, 11 de novembro de 2013

COMO OS MÉDICOS PLANEJAM A PRÓPRIA MORTE

Como Morrem os Médicos?

Cynara Menezes

Por que os médicos não utilizam, no seu próprio final da vida, os procedimentos dolorosos que receitam a seus pacientes?

Escritores octogenários que entrevistei coincidiram em dizer que o duro na vida não é envelhecer, mas enterrar os amigos, aguentar a saudade deles que fica. Você começa a encarar a morte de perto. Suponho que a isso se chame amadurecer. E dói.

Dizem as estatísticas que a média de idade das pessoas subiu, mas a realidade ao lado da gente desmente a estatística. Cada vez que uma pessoa querida se vai, fico pensando na forma como nós encaramos a morte e como a medicina tradicional nos trata no final de nossas vidas. Será que não existe uma maneira menos sofrida?
Pesquisando sobre o tema, encontrei, em um dos meus sites de jornalismo independente favoritos, o Alternet, um artigo do mês passado muito esclarecedor, que traduzi, adaptei e publico para vocês, sobre como os médicos norte-americanos planejam a própria morte. E a imensa maioria opta por não fazer os tratamentos invasivos que eles mesmos indicam a seus pacientes, preferindo cuidados paliativos.

Os cuidados paliativos são um conceito em ascensão no mundo mas que engatinha no Brasil por desinteresse da classe médica. É chamado de hospice ou “casas para os que morrem”: centros voltados para a melhoria da qualidade de vida de pacientes diagnosticados com doenças incuráveis. Para que possam passar seus derradeiros momentos no mundo tranquilos, assistidos, da maneira menos dolorosa possível, cercado pelos familiares, em vez de tentando procedimentos invasivos –e inócuos– até o fim.

(Há um bom artigo científico sobre o movimento hospice, inclusive no Brasil, aqui.)

Esta reportagem aborda também o lucro que o prolongamento da vida com o uso de aparelhos dá à indústria da assistência médica, à custa do sofrimento do paciente e dos familiares. Leiam. Espero que seja útil para alguns de vocês.
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O segredo dos médicos para morrer direito


–Por que médicos fazem escolhas diferentes que a maioria de nós no final da vida?

Por Melinda Welsh, Sacramento News & Review

O dr. Ken Murray escreveu um artigo para a revista online Zócalo Public Squarepensando que, com sorte, atrairia algumas dúzias de leitores e um comentário ou dois. Em vez disso, o médico recebeu uma avalanche de respostas. Na verdade, o que ele escreveu o colocou no meio de um debate sobre a vida, a morte e médicos.

O que ele revelou de tão avassalador?

Revelou que a imensa maioria dos médicos faz escolhas para o fim da vida dramaticamente diferentes do resto de nós. Dito de uma forma simples, a maioria dos médicos escolhe conforto e calma em vez de intervenções ou tratamentos agressivos Visto de outra maneira, médicos rotineiramente ordenam procedimentos aos pacientes no fim da vida que eles não escolheriam para si mesmos. CONTINUE LENDO

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