Luis Nassif
Algumas observações iniciais sobre o acordo Marina-Eduardo
Campos e as pesquisas eleitorais:
1. É fato novo relevante, não se tenha dúvida. Repõe Marina
no jogo, mas não na condição de cabeça de chapa, mas evita que seus votos caiam
no colo de Dilma Rousseff.
2. As pesquisas em cima da bucha distorcem a realidade.
Obviamente, nos dias que antecederam, todos os holofotes da mídia miravam o
caso, dando uma visibilidade desproporcional – e que não se repetirá – à dupla.
Portanto, o salto deve ser relativizado.
3. Eduardo Campos saltou para a faixa dos dois dígitos.
Significa que o episódio o tornou mais conhecido. Mas não significa que esses
índices sejam de eleitores consolidados. Vão ser necessárias mais pesquisas
para se avaliar se conseguirá crescimento consistente ou não. Passado o impacto
inicial, quem tem mais possibilidades de aparecer – por estar em um partido
nacional – é Aécio Neves. Sem contar o fundamentalismo macarthista de José
Serra, que ainda tem muitas viúvas no espectro da velha mídia.
4. Passada a festa, há um quadro complexo para o PSB. Muitos
governadores não pretendem pular do barco da coalizão governamental. No
nordeste, os irmãos Gomes já começam a bater em Campos. Dificilmente ele terá
entrada em Minas Gerais, Rio de Janeiro e estados do sul. Dependerá cada vez
mais do fator Marina – cujos eleitores têm em Dilma a segunda opção.
Haverá, ainda, os seguintes problemas na consolidação do
discurso político:
5. Para ser bem sucedida, a dupla terá que beijar dois
senhores: a opinião pública (em sentido amplo) e a opinião publicada. Para
conseguir espaço na mídia, terá que pagar o óbolo das críticas destemperadas a
Lula; para conseguir votos, terá que se mostrar continuador de Lula. É um
dilema de difícil superação.
6. Marina representa o novo. Mas, nas questões morais, é
evangélica. Precisa do DEM. Mas o discurso ambientalista radical, quase
religioso, colide com o agronegócio e com setores empresariais. AQUI
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