Em política, dizia Ulysses Guimarães, você não pode estar tão próximo que amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar.
Nesta sexta (25) realizou-se uma reunião de personagens distantes aproximados pelas contingências.
Deu-se no escritório da Presidência da República em São Paulo. A petê Dilma Rousseff recebeu o tucano Geraldo Alckmin e o ‘demo’ Gilberto Kassab.
Sob atmosfera amistosa, discutiram detalhes da organização da Copa do Mundo de 2014.
Na saída, o governador Alckmin transbordou em
elogios a Dilma: "Ela sabe todos os números, tem tudo na ponta da língua. É muito preparada".
Embora oposicionista, Alckmin é adepto da tese segundo a qual não cabe aos governadores do PSDB quebrar lanças. A eles incumbe governar.
Acha que o papel do Executivo estadual é o de se entender com a União, em beneficio de São Paulo.
O caso do prefeito Kassab é diferente. Para ele, oposição é coisa do passado. Cria política de José Serra, está de mudança para o lado do governo.
O Kassab da reunião parecia física e ideologicamente mais próximo de Dilma do que de Alckmin.
Sinal dos tempos. As fronteiras da ideologia, linhas já tão atenuadas pelo tempo, desapareceram.
Num dia qualquer, Kassab dormiu no direitista DEM e acordou na porta de entrada do socialista PSB.
De tanto ser brasileiro, o eleitor contemporâneo vai adquirindo certa prática. Adapta-se, mesmo a contragosto, à lógica do lugar.
Há método na demência nacional. O Brasil deixou de ser um país imprevisível. Hoje, é tristemente previsívei
Josias de Souza)